CATEDRAL BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DO PILAR (1721)
Resumo
A Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar é o centro de fé de 40 paróquias de mais de 20 cidades, que guarda tradições religiosas de 300 anos. Sua construção começou em 1721, sob responsabilidade da irmandade do Santíssimo Sacramento, para substituir a Matriz do Bonfim, que já estava pequena para a vila emergente, tornada capital da Comarca do Rio das Mortes (1714). O local escolhido foi onde ficava a capela primitiva do Pilar, incendiada durante a Guerra dos Emboabas (1709).
Como principal igreja de uma cidade então pujante, a Matriz foi se modificando, de acordo com o estilo vigente no reino de Portugal. Hoje, ela traz elementos artísticos e arquitetônicos do barroco nacional português e do joanino, do rococó, do neoclássico e doeclético. A Catedral também conta a história da construção do conceito de memória e preservação no país. Falar sobre ela é falar sobre a história do Brasil.
A construção guarda ainda um patrimônio imaterial importante, que são as festas, cerimônias e celebrações religiosas trazidas pelos portugueses, principalmente de Braga, e mantidas quase intactas, graças ao trabalho das irmandades e da Diocese, que soube valorizar e defender a preservação de parte dessas antigas tradições como um valor cultural da cidade.
Não se tem notícia de que outra cidade no mundo que ainda celebre o Ofício de Trevas da Quarta-feira Santa como o que se faz em São João del-Rei. A Semana Santa é uma das 134 festas religiosas registradas pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural de SJDR. A Festa dos Passos, na Quaresma, e o Trânsito e Assunção de Nossa Senhora, em agosto, são outras celebrações importantes, sempre acompanhadas das orquestras bicentenárias, Ribeiro Bastos e Lira Sanjoanense, ou de bandas, como a Teodoro de Faria.
Tombada pelo Iphan em 1949, a igreja tem sete altares e é sede de quatro irmandades. Cada uma tem nas torres um ou mais sinos, que são personagens da liturgia católica em São João del-Rei, onde se diz que eles falam por fazerem a comunicação com os moradores. A linguagem dos sinos também é patrimônio imaterial brasileiro, mantida há séculos na cidade.
No interior da Catedral, chama a atenção o excepcional douramento e talhas da capela-mor e retábulos, a pintura do forro, considerada a maior área pintada das igrejas coloniais mineira, e a banqueta (conjunto de castiçais) de prata.
O documentário Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar – 300 anos conta com detalhes essa história, que é também a história de Minas e do Brasil. As informações do filme surpreenderam até quem vive na cidade há décadas, então, certamente também deve trazer novidades para você.
Se preferir, pode ler a história completa também, incluindo a transcrição das entrevistas, logo abaixo.
O Mapa
O Mapa do Patrimônio usa os bens tombados como uma chave de acesso ao passado, descobrindo como vivíamos, como chegamos até aqui e o que queremos para a cidade.
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Horários das missas:
Domingos: 9h15
Segunda a sábado: 7h e 19h (exceto às terças)
As missas das 19h, às quartas-feiras, ganham a participação da Orquestra Lira Sanjoanense e, às quintas e sextas-feiras, no mesmo horário, da Orquestra Ribeiro Bastos. Os horários das celebrações e a participação das orquestras podem ser alterados de acordo com o calendário de festividades da Catedral e de outras igrejas da cidade.
Telefone: (32) 3371.2568
Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar – 300 anos
“A história de São João del-Rei em 300 anos dessa Matriz certamente pontua
momentos importantíssimos da história de minas e do Brasil”.
(André Dângelo, arquiteto)
“A igreja Matriz era como uma casa de família, onde todos se reuniam.”
(Antônio Gaio Sobrinho, historiador)
“Aqui passaram-se grandes artistas, grandes nomes, a gente tem tanto na questão da talha, quanto da imaginária, da prataria… e a gente tem uma igreja muito ativa.” (Carlos Magno Araújo, restaurador)
“Essas paredes aqui falam, transmitem essa fé dos nossos antepassados,
nós temos raiz.”
(Monsenhor Geraldo Magela, pároco da Catedral)
“Essa igreja é uma pérola porque justamente por ela você não só estuda a história da arte, mas toda a história. Não dá para desvincular uma coisa da outra. Sua importância é incalculável e por isso precisamos preservar esse monumento.”
(Kellen Silva, historiadora da arte)
A história
A Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar é o centro de fé de 40 paróquias de mais de 20 cidades e milhares de pessoas. Monumento tombado pelo Iphan, reúne a memória cultural não só de São João del-Rei, mas do país.
“É preciso deixar muito claro que existia um Brasil antes da descoberta do ouro, muito focado no litoral, e um outro Brasil depois da descoberta do ouro que interiorizou o Brasil, e que as cidades que eram cabeça de comarcas, como São João del-Rei, Sabará, Ouro Preto e Mariana, sede do Bispado, eram cidades que dialogavam diretamente com Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Recife e possuíam um diálogo atlântico muito forte com Portugal e com outros locais da Europa”, diz André Dângelo, professor doutor da Escola de Arquitetura da UFMG, nascido em São João del-Rei e um dos maiores estudiosos contemporâneos sobre a cidade.
Foi há 300 anos, no dia 12 de setembro de 1721, que a irmandade do Santíssimo Sacramento recebeu a licença para a construção desta igreja. Mas a história da Catedral do Pilar começa antes, bem no início da formação da cidade, quando a descoberta do ouro nas imediações da Serra do Lenheiro, por volta de 1704, desloca o arraial, que já vinha se formando na região de Matosinhos, para onde hoje é o Centro Histórico.
A primeira capela era bem rústica, feita de barro, em taipa de pilão, e coberta de sapé, como eram as construções do período. E já abrigava a imagem da Virgem, provavelmente trazida por Tomé Portes del Rei, fundador da cidade, e hoje protegida no Museu de Arte Sacra. Nossa Senhora do Pilar foi a primeira aparição de Nossa Senhora na história da Igreja.
“São Tiago, um dos apóstolos de Jesus, foi para a Península Ibérica – hoje Espanha – para evangelizar aquela região e encontrou muitas dificuldades. Ele teve a tentação do desânimo, de abandonar a missão. Então Nossa Senhora se manifestou a ele sobre um pilar vindo do céu, ela ainda em carne mortal. Nossa Senhora ainda não havia sido levada para o céu, ela ainda habitava a terra, mas Deus permitiu que ela aparecesse sobre esse pilar vindo do céu, lá na cidade de Saragoza, onde ela então se manifestou ao apóstolo Tiago, que renovou o seu entusiasmo a partir desta visita. A missão de Tiago deu, então, muitos frutos. Nó todos somos herdeiros deste apostolado de Tiago”, ensina o monsenhor Geraldo Magela da Silva, pároco da Catedral.
Essa primeira capela não dura muito. Em 1709, é incendiada pelos emboabas depois que os paulistas voltam a São João del-Rei para vingar os conterrâneos mortos no Capão da Traição, na Guerra dos Emboabas.
“Diz a lenda, que chegando em São Paulo, as mulheres desses paulistas que fugiram não aceitaram e disseram ‘não, vocês voltam e vão vingar os mortos do capão. Do contrário, vocês não entram aqui’. De fato, eles engrossaram as suas fileiras e voltaram para São João del-Rei. Chegando aqui encontraram o os emboabas (portugueses e gente de outras regiões do Brasil) já os esperando em uma uma fortaleza construída no lugar onde está hoje o Museu Regional (Praça Severiano de Rezende). Os emboabas fizeram ali um cercado grande com todos os recursos possíveis de água e mantimentos, com pontes levadiças, muros, porque sabiam que os paulistas voltariam. Não eram muitos os emboabas. E eles ficaram ali dentro. Quando os paulistas chegaram, vieram por dois lanços e se reuniram aqui na capela primitiva, que serviu de guarita pra eles. Eles usaram a igreja e as casas como abrigo para poderem atirar na direção do reduto dos emboabas.
“Durante quatro dias houve confronto e, de repente, na quarta noite silenciou tudo. Os emboabas se perguntaram o que aconteceu? Vieram ver e os paulistas tinham fugido, sem explicação. Olharam para o morro do Bonfim e eles estavam fugindo. Os emboabas, então pensaram ‘isso é uma artimanha, eles vão voltar e nos pegar distraídos. Então, antes que isso aconteça vamos queimar as casas aqui onde eles se esconderam’ e queimaram a igreja. É claro que queimaram só a igreja, tinham recolhido todas as imagens. Os paulistas não voltaram. Então levaram o prejuízo de ter destruído a igreja.
(Professor Antônio Gaio Sobrinho, historiador e escritor)
Primeira Matriz
Uma nova igreja é então construída no Morro da Forca, onde hoje é a praça Guilherme Milward, no Bonfim. É onde em 1711, a igreja ganha o título de Matriz. O arraial se torna vila (1713) e cabeça da comarca do Rio das Mortes (1714). A igreja, afastada do Centro, começa a ficar pequena e, em 1721, finalmente, chega do reino a autorização para construção de uma nova Matriz, no lugar onde está hoje a Catedral.
A partir da análise de construções deste período, de relatos e documentos, a Escola de Arquitetura da UFMG construiu uma maquete, que ilustra como teria sido esta construção, que aproveitou parte do material da primeira matriz. Em 1724, o Santíssimo é trazido para a nova igreja.
Interior
Por dentro, a igreja segue o estilo barroco, que, com suas talhas douradas, buscava ser o mais rica possível para agradar a Deus. Para Carlos Magno, que trabalha no restauro da igreja há décadas, o retábulo de Nossa Senhora do Terço (primeiro à esquerda de quem entra), pode ter vindo da Matriz do Bonfim. “A decoração do camarim com a lua e o sol, a madeira recortada para encaixar o altar no vão da parede indicam essa possibilidade, assim como esta porta do céu fora do convencional que pode ter abrigado a pequena imagem da virgem na capela-mor da primeira matriz”, analisa o restaurador.
Primeira reforma
Os pesquisadores calculam que essa primeira fase de construção da Igreja deve ter terminado por volta de 1745. Mas em pouco tempo, a Matriz já sofre sua primeira reforma. Essa era uma característica daquele tempo, quando ainda não havia o conceito de memória ou preservação. Cada mudança de estilo da corte promove uma avalanche de adaptações em todo o reino.
O rei Dom Joao V quer italianizar a arte portuguesa, numa busca de modernização. Na Matriz, a adaptação ao novo estilo fica a cargo de José Coelho de Noronha, como confirma o testamento dele decifrado recentemente no arquivo do Iphan. Noronha tinha acabado de reformar a Sé de Mariana, que se tornara Diocese, num trabalho considerado excepcional. Era um cara altamente qualificado. “Germain Bazin, que é o grande especialista no barroco brasileiro, já o tinha apontado como o mestre de Aleijadinho, com quem o Aleijadinho aprendeu muita coisa de arquitetura, então esse é o homem que a Irmandade do Santíssimo Sacramento vai mandar buscar para atualizar essa igreja”, explica o professor Dângelo.
A principal mudança é na capela-mor. O olhar arquitetônico do artista faz levantar a cumeeira e aprofundar a capela para monumentalizar o trono. A pintura azul das ilhargas parece uma referência à azulejaria típica do barroco, quando o transporte dos azulejos era mais difícil.
Para essa primeira reforma, Portugal contribuiu com dois painéis de André Gonçalves, um dos mais importantes pintores portugueses desta fase, além de cem milheiros de folhas de ouro, fazendo desta capela uma das mais importantes e ricas do acervo mineiro. “É um douramento excepcional, uma carga de douramento impactante, que transforma essa capela-mor numa pequena joia”, avalia Carlos Magno.
Exéquias de D. João V
Nessa época, a Matriz foi palco de uma das cerimônias mais emblemáticas da história do barroco nas Américas, as chamadas barroquíssimas exéquias de Dom Joao V promovidas pelo vigário Antônio Mathias Salgado em agradecimento pela distinção concedida a ele. O rei morreu em julho de 1750 e a notícia só chegou à São João em dezembro. Depois disso foram mais 60 dias preparando a celebração.
Na ocasião, foi construído um impressionante baldaquino, de madeira, de oito metros de altura por quatro de largura, cercado de caveiras, representando a morte, e colocado em frente à capela-mor.
“Havia certamente uns dez esqueletos na igreja inteira, desde a porta, onde havia uma espécie de caramanchão com dois esqueletos, recebendo os entrantes. Segundo o padre Antônio Vieira, uma cerimônia dessas, principalmente o sermão fúnebre, tinha como objetivo chorar a morte, elogiar o morto e consolar os vivos. Então era preciso fazer o povo que estava aqui chorar. Havia 40 padres assistindo, dois coros de músicas com vários instrumentos, cantando, tudo muito bem-preparado. Em determinado momento, as pessoas choravam porque chorar é fácil. É só alguém começar. Alguém começando aquilo é contagiante. Era preciso chorar. Essa era uma finalidade. Mesmo que não entendesse latim, mesmo que não entendesse o sermão do padre, que era rebuscado. Mas as músicas, as velas, as cores escuras faziam com que as pessoas chorassem. E todo mundo chorava.”
(professor Antônio Gaio)
Segunda reforma
Em 1780, a Igreja passa pela segunda reforma. Dessa vez, para adaptar-se ao estilo rococó, de influência francesa, que traz um aspecto mais leve à decoração das igrejas. As famosas rocalhas inspiraram as curvas na arquitetura. Portugal agora está sob o reinado de Dom José.
“O rococó é novo estilo de fé. A fé barroca foi racionalizada, professores especialistas, como a professora Myriam Ribeiro, dizem que é o barroco da alegria, os anjos já estão rindo, a igreja não precisa mais do ouro, completando esse espaço todo, a luz passa a ser importante, estamos no século do Iluminismo. Esse rococó passa pelo Norte de Portugal, através do André Soares, o grande artista do rococó, chega no Rio, se estabelece, chega a Minas e chega a São João del-Rei em um tempo em que a economia começa a se encaixar e não é mais tão dependente do ouro – o rococó não depende do ouro.
A igreja do Carmo está fazendo uma grande contratação para a talha da sua igreja com Manoel Rodrigues Coelho, que é um dos introdutores desse rococó. Logo Francisco Lima Cerqueira está chegando, em 1774; em 1786, vem o Aleijadinho, que incorporou também esse estilo e deu a ele uma cara mineira, o barroco mineiro, que chega para fazer a portada da igreja de São Francisco. O Lima Cerqueira traz também o Luiz Pinheiro, que vai fazer a talha da Igreja do Rosário.
Então de repente esse mundo do rococó passou a ser moda e, como era o esquema antigo, no momento em que o reino incorpora um novo estilo, os outros caem em desuso. Logicamente a Matriz precisava também passar por alguma atualização.”
(Professor André Dângelo)
A banqueta de prata, das mais bonitas do país, chega nessa época.
Pintura do forro
A grande obra deste período é a pintura do forro da nave central, agora curvo, como mandava o autêntico rococó. Num tempo em que há muitos analfabetos e poucos entendem o latim das missas, as imagens são usadas para a catequese. A Matriz seguiu o padrão. À esquerda de quem entra na igreja estão os evangelistas, sempre cercados de tinteiros e cadernos, e à direita os doutores da lei.
Abrindo a fila dos santos estão os mártires. De um lado Santa Rita de Cássia, com uma coroa de espinhos representando a dor de perder marido e filhos. E do outro lado Santa Luzia, que teria arrancado os próprios olhos para não ter que se casar. A pintura está em perspectiva, de quem olha de baixo para cima, uma característica do estilo rococó.
A professora Kellen Silva, doutora em História da Arte, estudou a pintura do forro e interpreta as imagens. O primeiro evangelista é São Marcos com o Leão. “O leão é como a voz que clama do deserto, tem a forma meio humana, eles nunca viam um leão, então ele é meio humanizado”, pontua a especialista.
Em seguida, vem São Matheus com o anjo, e depois São João com a águia. “Ele é o que tudo vê, foi quem escreveu o apocalipse”. São Lucas é considerado o primeiro historiador foi quem fez o primeiro retrato da virgem Maria. A imagem dele é associada a um touro. “Quando se olha o touro se vê que ele é bem grande, meio desproporcional se comparado às demais figuras. Entendo que é porque nesse período houve uma diminuição dos rebanhos, um período de escassez, então o touro aqui pode ser a figura do sacrifício, como na pré-história, em que as pessoas desenhavam nas cavernas o que eles queriam caçar, como se fosse um pedido para a abundância retornar”, interpreta.
Fechando esse lado do forro, está São Pedro. “É uma representação muito importante, ele é o fundador da igreja, o que tem as chaves, o que liga uma coisa no céu e desliga na terra e vice-versa, faz a ponte entre o terreno e o celestial.”
Do lado direito de quem entra na igreja, o primeiro doutor representado na pintura do teto é Santo Ambrósio, que reluta antes de aceitar sua missão, seguido de Santo Agostinho, cercado de luz. “É um dos filósofos mais importantes porque ele consegue conjugar essa fé que ele tem com o que seria a ciência”, explica a professora Kellen.
Depois vem São Gregório Primeiro, que era papa e está com a pombinha do Espírito Santo, São Jerônimo foi um dos primeiros doutores da Igreja, responsável pela tradução da Bíblia do hebraico para o latim. Chamada Vulgata, essa tradução foi a Bíblia oficial da Igreja por 15 séculos.
São Tiago Maior tem o cajado do peregrino. E ao lado dele, está o Arcanjo Rafael. “É o único que olha pra baixo como se ele quebrasse uma dimensão e dissesse ‘Oi, gente, eu estou aqui para proteger vocês’”, entende a historiadora.
No centro da pintura, Nossa Senhora com o Menino aparece cercada de dezenas de anjos. Na imagem, quase não se vê o pilar, já bastante reduzido em relação ao da imagem original, indicando que a Igreja já não precisa de força.
“A aparição de Nossa Senhora do Pilar se deu em Saragoça, na Espanha, uma cidade moura, de africanos islamizados, que tomam a Península Ibérica. Já aqui vai se perdendo um pouco da simbologia da força. No Brasil do sec. XIX, não há mais um inimigo, os índios já foram dizimados, os africanos estão sendo cristianizados. Já é um discurso muito mariológico e Minas vai ser fruto disso, o Brasil é fruto dessa devoção Mariana. É muito difícil você ver nas igrejas brasileiras representações principais com Jesus. Porque já estamos no contexto da contrarreforma, que vai trazer a devoção à Nossa Senhora como uma propaganda. As pessoas vêm chegando ao mundo colonial muito desamparadas, procurando o manto da Virgem como forma de se sentir acolhido.
(professora Kellen Silva)
Fechando o forro e abrindo a capela-mor está o anjo da ressurreição, que já não traz mais o peso do Barroco. “Não se trata de um anjo da amargura ou da morte de Jesus. É um anjo da ressurreição, em uma posição muito central com um sorriso, ele mostra a cruz vazia e o símbolo da ressurreição, como se dissesse ‘vai dar tudo certo’. Essa mensagem é diferente do barroco, porque já é mais positiva, está mais (ligada ao conceito de) um rococó”, explica.
Alguns anos mais tarde, a igreja será ampliada e outro pintor acrescenta Santa Cecilia, protetora dos músicos, em frente ao coro. Do outro lado, Santo Estevão.
A historiadora também levanta uma hipótese na interpretação de um dos pontos mais curiosos do desenho do forro, que é a figura deste homem, pintado sob a guarda de São Rafael. Ele é João Batista Machado, patrocinador da pintura do forro. Segundo ela, a leitura iconográfica sugere que o mecenas pode ter exigido a pintura do busto dele no forro. “O anjo aponta para este coração em chamas e olha para o busto-leigo tentando dizer o seguinte: ‘olha, não adianta você estar no forro da Matriz (céu), se você não seguir o sagrado coração de Jesus”, interpreta.
Mistério
A autoria da pintura do forro é considerada um dos grandes mistérios da pintura em Minas, pois não há um documento atestando a identidade do pintor. A atribuição a Venâncio José do Espírito Santo é uma dedução feita a partir de uma inferência de John Luccock, um viajante inglês, que critica a combinação de cores e diz ser a pintura digna de quem nunca viajou e passou a vida nesta cidade. Como Venâncio era o pintor mais conhecido daqui, foi logo apontado como o autor da obra. Mas a dúvida persiste e agora um novo estudo tenta identificar o autor da pintura.
“A gente está começando a fazer algumas comparações e, possivelmente, possa vir a ser atribuído ao (Manoel Ribeiro da) Rosa, que é um pintor importantíssimo, que viveu em Ouro Preto, com pinturas importantíssimas lá”, diz Carlos Magno, que contribui para o estudo de atribuição. “O documento não vai existir, então é mais por comparação estilística mesmo. Mas ainda tem muito trabalho para propor a atribuição. É um trabalho monumental”, pondera Dângelo.
Terceira reforma
A Matriz chega ao século XIX com outros desafios. Aos 100 anos, a igreja já ficou pequena de novo e por volta de 1820, vai passar pela sua terceira reforma. É nessa época, que a construção avança em direção ao adro, como se vê no recorte do forro e no piso. É quando a igreja ganha o frontispício atual, de estilo neoclássico, inspirado na Grécia antiga. No Brasil, a vinda da corte, em 1808, acelera o ritmo das inovações.
“Quando o rei, saindo de Lisboa, que é a cidade mais moderna da Europa, chega ao Rio de Janeiro, cheio de muxarabi (tipo de treliça de madeira de origem árabe), com cara do que era Lisboa no século XVI, ele vai ter que tomar uma providência e vai mandar trazer a missão francesa. A essa altura, (Napoleão) Bonaparte cai e, com isso, cai todo mundo que o apoiava. Dom João VI, então, manda buscar esses caras, em 1816, para fazer a Academia Imperial de Belas Artes. E, com eles, vem Grandjean de Montigny, um arquiteto importantíssimo, que trabalhou com (Charles) Percier e (Pierre-François Leonard) Fontaine, em Paris, que mapeou a arquitetura da Toscana inteira, um arquiteto neoclássico altamente qualificado e vem com a promessa de que o Rio vai ser modernizado.
(André Dângelo)
As informações da corte chegam também a São João del-Rei, que está no auge da sua condição financeira. Essa terceira fase de obras na Matriz ganha um aspecto urbanístico.
“A gente vê que o cara aqui está preocupado já com uma relação urbana, tanto que se a gente olhar a igreja de lado, ele promove um salto nessa igreja, ele não vai fazer a igreja na mesma altura, ele joga ela pra cima porque ele quer monumentalizar a fachada inteira de forma que a igreja seja vista da cidade inteira e que ela tenha uma relação de escala com o Carmo, que está adiantado, e com São Francisco. Ele não quer que a Matriz seja pequenininha. A Matriz é o centro da religiosidade e precisa ter uma relação arquitetônica e urbanística que dialogue com os dois elementos que estão na ponta, que são o Carmo e o São Francisco.
(AD)
O frontispício
A autoria do risco do frontispício é outra incógnita na história da arte sanjoanense. Há documentos que comprovam o pagamento por dois riscos: um para Francisco de Lima Cerqueira, em 1791, e outro para Manoel Vitor de Jesus, em 1816. Mas não há registro de que nenhum dos dois tenha feito qualquer obra neoclássica na cidade, o que desperta a desconfiança dos especialistas sobre a autoria do risco, considerado bastante erudito e com um viés urbanístico inédito na cidade, inclusive por causa das cinco portas, o que é raríssimo.
Para o professor André, o frontão neoclássico da Matriz pode ser obra de Jesuíno José Ferreira, um português com muito trânsito na corte, responsável pela obra do cemitério do Carmo e autor do risco do prédio onde hoje é a Prefeitura, ambos neoclássicos. Foi ele também quem fez os gradis do novo adro da matriz, muito parecidos com os que foram feitos no Rio neste período. Outro fato que reforça a teoria é o laudo de um renomado arquiteto da corte que, consultado pela igreja do Carmo, recomenda destruir toda a fachada rococó.
“As histórias vão se misturando. A gente sabe que em 1816 mais ou menos a Igreja do Carmo foi empreitada pelo Lima Cerqueira. Em 1808, depois que ele morreu, o Aniceto de Souza Lopes, assumiu o São Francisco e o Carmo. Aniceto morre em 1815 e a obra parou no início das sineiras e do frontispício. A Igreja do Carmo, então, manda levantar o risco e pede um parecer a um arquiteto da corte, o Joao Muniz, que por sua vez diz que aquilo era uma loucura, que deveria ser todo demolido e se propõe a fazer um risco novo no novo estilo.
“A gente está falando de uma igreja que está ali (a menos de 200m da Catedral). A probabilidade de que isso tenha dado um burburinho na cidade e que alguém tenha batido aqui na Matriz e falado ‘oh, é melhor vocês mudarem esse risco, nós estamos totalmente desatualizados, vocês estão começando a fazer agora, é preferível vocês verificarem aí para não terem que passar por isso que estamos passando. (…) Então, eu acho que no meio desse processo alguém teve a ideia de mexer no risco proposto para a Matriz e, como os livros estão desaparecidos, a gente não sabe exatamente o que aconteceu. E como certamente o risco de Manoel Vitor de Jesus, que existiu, não foi o que foi construído aqui, acho que essa é uma boa hipótese.
(AD)
A quarta reforma
É nessa época também que são proibidos os enterros dentro das igrejas, dando origem aos cemitérios. Um prenúncio do higienismo que chega no final do século XIX, junto com a Estrada de Ferro Oeste de Minas. A ordem agora é limpar a cidade, abrir espaços para os carros, para a luz elétrica e a água encanada.
A facilidade de acesso a materiais industrializados leva à instalação de ladrilhos hidráulicos na Matriz, do piso de pinho-de-riga, das tribunas e do novo coro. As paredes externas recebem uma pintura em amarelo e a cantaria do adro e das torres é pintada de branco. A sacristia recebe pintura do francês Alexandre Berry. O ecletismo é o estilo dessa virada para o século XX, e que também vai deixar sua marca na igreja. “Se você olhar esse tipo de porta é o mesmo das portas desses sobrados aí (da cidade). É tudo muito parecido. Então a Matriz é também uma janela de como é a São João del-Rei que a gente conhece”, diz o professor.
O Iphan e o conceito de memória
Mas a grande virada para as cidades históricas brasileiras vem nas décadas de 20 e 30, com a chegada do movimento modernista, que vai buscar a identidade nacional. Em 1924, o jornal A tribuna noticia a passagem de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Blaise Cendrars, Tarsila do Amaral por São João del-Rei durante a Semana Santa, na chamada Caravana Modernista.
“Em 1930, essa turma dos modernistas de 22, chamados na época de futuristas, adentrou o governo (ainda não era a ditadura do estado novo, era governo da junta militar que veio reestruturar o país) e assumiu a área de Cultura, com Gustavo Capanema, politico mineiro à frente, e trouxeram Lúcio Costa, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, e esse pessoal tinha uma ideia de país muito diferente desse pessoal do neocolonial. Acho que eu posso resumir em duas frases: o Mario de Andrade que era um mentor importante, dizia que o passado não é lição para se copiar, mas para se meditar. Então eles já entendiam que o problema da reflexão do passado era a formação da identidade cultural. Não adiantava ficar copiando uma coisa lá do século XVIII. Eles entendiam que arquitetura e a arte como produção autêntica precisam estar vinculadas aos valores, às tecnnicas e à visão do seu tempo.
(AD)
O grupo inspira a criação do Iphan, em novembro de 1937, já no governo de Getúlio Vargas.
“Então, eles começaram a tombar as cidades históricas. Tombou Sabará, que estava praticamente parada, sem nenhuma dinâmica econômica, Ouro Preto, Tiradentes estava tão depauperada que Carlos de Laet fala que era comum comprar uma casa em Tiradentes pra demolir e usar o material para construir aqui. Lá só tinha a Matriz. Era um lugar totalmente abandonado.
Quando chegou aqui em SJDR a situação era diferente, a cidade estava em ampla estruturação, uma cidade maravilhosa. Se você pegar o álbum da cidade, de 1930, na administração do Dr. Andrade Reis, a cidade chegou na sua maturidade do ecletismo. Parece uma cidade europeia, com alguns resquícios do tempo colonial, mas já tinham aplainado as ruas, calçado paralelepípedo, retirado os arrimos, mas a cidade tinha um conjunto muito bonito, era equilibrada, colonial, imperial, eclética e protomoderna. A cidade estava tranquila, mas ela seria pega ali no futuro. O modernismo ia se chocar porque outras cidades se desenvolveram e a condição do entreposto ia acabar. O Edifício São João é um símbolo maior desse impasse.
(AD)
Aos poucos a ideia de preservação vai convencendo o país e, em 1949, finalmente, a igreja matriz é tombada também. Em 55 o Iphan faz sua primeira intervenção, a quinta, numa igreja já toda modificada.
“Eles limparam a fachada toda, tentaram criar uma relação arquitetônica com as outras igrejas, limparam a cantaria toda, retiraram os ladrilhos do adro, pintaram tudo e caiaram de branco. E por dentro, eles limparam a igreja, retiraram as colunas – tinha várias colunas dóricas pintadas, inclusive para ritmar a arquitetura do neoclassicismo, que trabalhava com ritmação, alinhamento de vãos.
No altar-mor, as colunas que também haviam sido pintadas de branco têm revelada a pintura anterior marmorizada. “A igreja que emergiu é um pouco da igreja que nós conhecemos hoje, muito próxima da igreja atual”, diz André.
Nessa época, a imagem de Nossa Senhora, que já era a atual, ganhou a coroa feita com o ouro sanjoanense, enfeitada com gemas de Teófilo Otoni. A coroação foi feita por um decreto do papa João XXIII.
Em meados do século XX, o país começa a valorizar as tradições preservadas nas cidades do interior. Celebrações como a Semana Santa, vista de perto pelos modernistas, com seus rituais centenários e grande participação da comunidade, encantam os turistas. É nesse período que a Matriz deixa de ser paróquia de Mariana e passa, em 1960, a ser a Catedral de Nossa Senhora do Pilar, elevada em 1964 a Catedral Basílica.
No aspecto religioso, o século XX também é um tempo de grandes transformações para a Igreja Católica, que sente a necessidade de se aproximar dos fiéis. O concílio vaticano II, na década de 60, vai permitir que as missas sejam rezadas em português, não mais em latim; e com os padres voltados para a assembleia e não mais de costas para ela. As decisões também têm um viés político representado na ideia divulgada de fazer uma Igreja pobre para os pobres. Para São João del-Rei, uma cidade barroca, ricamente dourada, de tradições seculares, que até hoje tem missas, músicas e encenações em latim, o impacto foi grande. Nessa história, um personagem tem papel fundamental na conciliação entre religião e cultura.
Monsenhor Raimundo Sebastião de Paiva foi quem se desdobrou para manter as tradições barrocas de trechos de missas e músicas sem ir contra o que determinou o concílio. Monsenhor Geraldo Magela, que trabalhou diretamente com “padre Paiva”, como era mais conhecido, lembra como foi a chegar à Catedral.
“A gente pensava a Catedral e as realidades aqui do Centro Histórico como algo assim muito distante e, às vezes, infelizmente havia até um certo preconceito, aquela pecha do conservadorismo, mas fui entrando com o coração aberto e descobri o monsenhor Paiva, um homem extraordinário, um homem de Deus, um sacerdote de uma têmpora especial e ele foi me contando como foi tudo isso, como ele fez essa transição do Concílio Vaticano II, aqui no contexto da Catedral.
Então esses rituais lá do século XVIII, XIX, foram preservados não como uma peça de museu para as pessoas assistirem, mas como uma experiência de fé que ainda toca, que ainda fala da experiência da fé das pessoas com alguns elementos da liturgia antiga como o Ofício de Trevas, que é o carro chefe da Semana Santa, mas sem ferir a reforma litúrgica. Então eu vi que é uma riqueza, uma possibilidade enorme de evangelização, é a expressão de fé de um povo. Então nós continuamos acolhendo aquilo que a igreja nos pede, sem perder as nossas raízes, sem perder tudo isso que é da experiência católica do povo de São João del- Rei.
A última intervenção maior na Matriz foi na década de 90, depois que a rede de esgoto estourou e o adro cedeu. O acidente revelou cantarias escondidas, como essa que está hoje no Museu Regional. Também foi a oportunidade para um restauro interno, que trouxe mais surpresas. Carlos Magno, restaurava a sacristia do santíssimo quando encontrou uma pintura de Joaquim José da Natividade, importante pintor do século XIX, debaixo de uma camada de tinta.
“Foi fantástico porque eu já vinha estudando o Natividade desde a época da Capela do Divino Espírito Santo, que veio pra cá, e que eu ajudei a desmontar e aí eu comecei a pegar o Natividade e a fazer várias atribuições, em Carrancas, não tinha atribuição eu que fui atribuir ao Natividade, tinham outras cidades do Sul de Minas, eu fiz várias atribuições de obras do Natividade que até então eram tidas como de um discípulo do Athaíde ou de um artista bom, mas desconhecido. Então eu estava ‘na cola’ do Natividade. Então, uma das maiores emoções da minha vida foi descobrir a pintura do Natividade aqui na Catedral do Pilar.
(Carlos Magno, restaurador)
A reforma também revelou trabalhos escondidos sob a pintura de alguns retábulos e altares. O camarim de Sant’Ana exibiu as flores de Natividade que também estavam escondidas sob a tinta branca. O recurso liberado na época não foi suficiente para a restauração de que a igreja precisava. A pintura do forro, recuperada com técnicas diferentes, ficou sem uniformidade. O ouro das rocalhas está escondido sob uma tinta de purpurina já escura. Nessa celebração dos 300 anos da catedral, o desejo de todos é de que a igreja seja finalmente recuperada para resistir aos próximos séculos, contando a nossa história.
“Eu sonho com a restauração da Catedral. É um sonho antigo, nós temos lutado, buscado as autoridades, entrou no PAC das Cidades Históricas, mas até hoje isso não se efetivou. Nós precisamos da restauração dos elementos artísticos, há também a questão estrutural, então há muita coisa por fazer. A comunidade vai cuidando dentro do que é possível, mas ela necessita de uma restauração com uma certa urgência. Então que a celebração dos 300 anos possa sensibilizar as autoridades, os empresários, para que a gente consiga a restauração aqui da Catedral.
E depois, no sentido espiritual, o desejo é de que ela continue sendo esse centro de irradiação de fé, que aqui seja centro de espiritualidade, de uma liturgia bem celebrada que aponte sempre para Deus, para o transcendente. Que possa comover até aqueles que não creem, no sentido de que todos os crentes e não crentes possam buscar um mundo melhor, um mundo com mais justiça, com mais paz. Então que essa casa seja sempre uma casa que nos chame atenção para algo mais, para algo que nos transcende para Deus.
(Monsenhor Geraldo Magela)
“Ela tem um problema sério de excesso de peso no forro, no telhado. Tem madeiras novas convivendo com madeiras antigas completamente degradadas, telhas muito porosas. Então, esse recurso para um restauro mais profundo, é muito importante. Acredito que, em breve, a catedral vai revelar muitas outras coisas que a gente ainda não faz ideia, principalmente o altar dos Passos e o altar de Nossa Senhora do Rosário. Acho que a gente vai ter muita surpresa. Um trabalho bem feito de restauro agora vai revelar coisas ainda desconhecidas, vai devolver também uma beleza já esmaecida pelo desgaste”.
(Carlos Magno)
“Existe na Matriz um processo que nos permite verificar o crescimento econômico pelo qual a vila passou. Você consegue ver várias partes da história, da história da arte, da pintura, da escultura, da imaginária, pelos retábulos você visualiza na igreja as etapas da construção que acompanham o crescimento econômico da cidade. Existem várias irmandades e uma cultura musical muito forte. Essa igreja é uma pérola porque por ela você não só estuda a história da arte, mas toda a história. Não dá para desvincular uma coisa da outra. Sua importância é incalculável e por isso precisamos preservar este monumento.
“A história é sempre uma construção da memória, o Marc Bloch falava que a história no sentido da história é o percurso do homem no tempo. Essa igreja expressa bem isso. Trezentos anos dessa cidade estão fixados aqui. Ela não é a matriz mais bonita, não é a mais impactante do Brasil, mas é uma igreja com identidade própria,o que é muito importante, e certamente tem a capela mor das mais importantes da arte brasileira. Para nós, sanjoanenses, ela tem um papel relevante na vida de todos nós. Avós, bisavós batizados aqui nessa igreja, que sempre foi o centro da nossa religiosidade, e isso dá a ela um carinho especial. Agora é torcer para esse dinheiro sair e em breve a gente possa ver essa igreja restaurada.
Detalhamento dos altares
Colaterais:
Nossa Senhora da Boa Morte (à esquerda de quem entra na igreja): abriga uma imagem de Nossa Senhora da Glória, do séc. XVIII, e, sob o altar, uma imagem de vestir de Nossa Senhora da Boa Morte, esculpida em 1886, por Valentim Correa Paes, que fez também o crucifixo deste altar. A imagem fica aberta à veneração às quartas-feiras, dia dedicado à Irmandade da Boa Morte.
São Miguel e Almas (à direita de quem entra): abriga imagem de São Miguel Arcanjo, provavelmente do século XVIII, cravejada de pedras semi-preciosas, e de São Gabriel e São Rafael, de Osni Paiva e Carlos Magno de Araújo, já da década de 2010.
Laterais:
Altar de Nossa Senhora do Terço (primeiro à esquerda de quem entra na igreja): é possível que esse tenha sido o Altar-Mor da primeira Matriz, que ficava no Morro da Forca, ainda em estilo barroco nacional português. O retábulo abriga uma imagem de N. Sra. do Rosário, do séc. XVIII, e duas imagens, de Santa Bárbara e de São Francisco de Paula, atribuídas ao “Mestre do Cajuru”, escultor anônimo, também do séc. XVIII. A de São João Nepomuceno é atribuída ao “Mestre dos Anjos Sorridentes”, do mesmo período.
Altar de Santana (segundo à esquerda): a imagem de Sant’Ana Mestra (mãe de Maria, que a ensina a ler e escrever) é do séc. XVIII, assim como as de N. Sra Menina e a de São Joaquim (pai de Maria), no nicho direito, todas de origem portuguesa. No nicho esquerdo, está uma imagem de Santa Cecília atribuída a Valentim Correa Paes, do séc. XIX. Sob o altar está uma imagem do Cristo Morto, que tem o braço articulado e é usada na cerimônia do Descendimento da Cruz, na Sexta-Feira da Paixão. É de autoria de Osni Paiva, da década de 1990, e fica aberta à veneração às sextas-feiras.
Altar de Bom Jesus dos Passos (primeiro à direita de quem entra): as imagens de Nossa Senhora das Dores, de Valentim Correa Paes, do fim do séc. XVIII, e a de Nosso Senhor dos Passos, com a cruz às costas, portuguesa do séc. XVIII, são usadas todos os anos nas cerimônias quaresmais dos Depósitos e do Encontro.
Altar da Imaculada Conceição (segundo à direita): a imagem da Imaculada Conceição é do séc. XVIII, assim como a de São Francisco de Assis, no nicho lateral, e a de São Sebastião, abaixo, atribuída ao “Mestre do Cajuru”. A imagem de Santo Antônio de Pádua, é do século XIX sem autoria identificada.
TOMBADA PELO IPHAN |
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Livro de Tombo |
Número da Inscrição |
Data da inscrição |
Belas Artes |
328 |
29 de novembro de 1949 |
O projeto Mapa do Patrimônio busca organizar e popularizar as informações sobre o patrimônio tombado e registrado em um mapa virtual, usando os perfis das redes sociais para difundir esse conhecimento e contribuir para a valorização desta riqueza ainda muito pouco conhecida.
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